A Presença de Deus nos conduz à Salvação


"Desde o Antigo Testamento, somos chamados a experimentar a misericórdia de Deus. Ele vem ao nosso encontro, não para nos condenar, mas como fonte de salvação. Reconhecer a força salvífica da presença de Deus em Cristo, leva-nos à conversão fundamental de assumir nossa condição de discípulos(as) de Jesus.

"Para assumirmos nossa vocação de discípulos(as) de Jesus e contribuirmos para a comunhão dos filhos(as) de Deus, somos convidados a experimentar a presença-convite de Deus como Graça que nos purifica.

Disse eu então: "Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o senhor dos exércitos". (Is 6,5).

O que vos transmiti, em primeiro lugar, foi aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras; e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze.
Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. depois, apareceu a Tiago e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. 8Por último, apareceu também a mim, como um abortivo. (1Cor 15,3-8).

Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" (Lc 5,8).

Todos nós já vivemos a experiência de uma distância e de uma indignidade diante de Deus. O profeta clama: "Ai de mim, estou perdido!"; O apóstolo reconhece: "sou como um aborto"; e o discípulo grita: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!". Mas, é neste exato momento que o Senhor manifesta sua misericórdia, sua graça e seu amor em toda a sua plenitude, esperando de nós, apesar da nossa distância e indignidade, a disponibilidade para o imprevisível: "...Aqui estou! Envia-me". (Is 6,8).

A missão procede do Senhor: ele nos escolhe e nos envia ao arrancar de nosso coração todo o sentimento de impotência e de medo. Uma pequena e forte expressão é capaz de transformar radicalmente a trajetória das nossas vidas: "...Não temas!..."(Lc 5,10). e, então o Senhor fará em nós, maravilhas, como cantou Maria.

O Senhor sempre nos desafia a avançar para as águas mais profundas, pois não cabe a nenhum dos seus seguidores, ficar acomodado, molhando os seus pés no raso das margens. Os pescadores nos ensinam que o mar é imprevisível como a vida, que está sempre em jogo, em todo momento e a toda hora. O discípulo deve estar preparado para tudo o que der e vier e por isso, não pode nem ter posse e nem propriedade de nada: Ser despossuído de bens materiais é condição para pregar a Boa Nova.

O mundo anunciado por Jesus é um mundo a ser construído, em que todos possam viver sem posses e sem ganâncias para que as divisões e disputas não existam. Um mundo onde o amor e o amar serão a única razão da existência. Jesus nos quer salgados pelo sol e pelo sal. Jesus nos quer livres para que, juntos com todos, possamos conviver com os ventos, as tempestades, as calmarias, mas, sobretudo, com os anoiteceres e amanheceres que fazem parte dos desafios impostos pelas águas mais profundas do mar de nossas vidas.
Pe. Paulo Botas, mts
Publicado em 10/02/2013
Semanário Litúrgico - ano XLIII-nº 07






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